Por Bruno Marques Louzada
Antes de mais nada,
precisamos deixar claro que futebol brasileiro e seleção brasileira não são a
mesma coisa, basta observar as dívidas dos clubes e o faturamento da CBF.
O futebol brasileiro precisa
de uma reformulação, e não é de hoje. Recentes estudos da Pluri Consultoria
mostram a defasagem dos nossos clubes, seja em receita, dívida, público etc. O
país do futebol não é o país do futebol profissional, organizado.
No ranking dos clubes com
maior média de público no mundo, apenas 2 brasileiros estão entre os 100
primeiros: Cruzeiro (70) e Santa Cruz (89). Nem vou falar da soberania do
Borussia Dortmund, com média de 80,3 mil por jogo e 100% de ocupação do
estádio, coisa que nos parece inalcançável. Olhando a lista, vemos alguns casos
impressionantes, que nos fazem pensar muito sobre o nosso futebol.
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Fonte: Pluri Consultoria |
Duas posições a frente do
Cruzeiro (68º), está o Kaiserslautern, da segunda divisão alemã. O clube tem
média de 29.529 por jogo, com 59% de ocupação do estádio. A cidade, entretanto,
tem uma população pouco inferior à 100 mil pessoas, ou seja, um terço da
população local vai a todos os jogos do time.
Caso semelhante encontra-se
no 8º colocado do ranking, o Borussia Monchengladbach, que tem média de 52.239,
com ocupação de 97%. Em toda partida da equipe, 20% da população da cidade vai
ao estádio.
A dominância da lista é de
times alemães. Mas, à frente dos brasileiros, vemos muitos argentinos e até
chineses, japoneses e americanos.
Se analisarmos os números
totais dos campeonatos, mais uma vez a Alemanha domina a situação, com 43 mil
por jogo, em média (veja a tabela abaixo). O estudo da Pluri aponta o Brasil
atrás de EUA, Japão, China, e as segundas divisões alemã e inglesa.
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Fonte: Pluri Consultoria |
A situação da Série A
brasileira é ainda mais grave se analisarmos a taxa de ocupação dos estádios.
Neste ranking, também liderado pela Alemanha, o Brasil cai para a 34ª posição,
atrás, por exemplo, da AUSTRÁLIA!!!
Vários fatores podem ser
apontados para tal fato: preço dos ingressos, dificuldade de chegar ao estádio,
pobreza dos espetáculos, crescimento dos pacotes de PPV... todos válidos. Na minha opinião, o principal ainda é a cultura do brasileiro de só ir ao estádio
“na boa”. Basta olhar as médias históricas do campeonato brasileiro. A última
vez que tivemos uma média maior que 20 mil foi em 1987. Ou seja, também morre o
argumento de que o mata-mata aumentaria a média de público.
Nos últimos 10 anos, a
dívida dos 20 maiores clubes brasileiros cresceu R$4 bilhões (de 1,1 para 5,1).
Enquanto isso, a receita dos 20 somada cresceu de R$652 milhões para R$3
bilhões.
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Fonte: Análise Amir Somogi |
A situação é preocupante, e
não é de hoje. Precisamos de uma revolução no futebol brasileiro. Temos que
abrir o olho quanto a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. Não podemos
aceitar qualquer perdão de dívida ou um refinanciamento sem as garantias e
contrapartidas necessárias. O Bom Senso F.C. têm apresentado boas propostas,
precisam ser ouvidos. Não dá para continuar do jeito que está. Estamos
caminhando para a falência.
O “país do futebol” precisa
ser o país do bom futebol, profissionalizado, e com torcedores no estádio.
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