Já se passou um mês desde o “7 a 1” e o placar só aumentou desde então

Por Tarcísio Henrique Altomare


Há um mês, em pleno início de julho, aconteceu o “11 de setembro” do futebol brasileiro. Naquela terça-feira, ninguém imaginava o que estava para acontecer no Mineirão a partir das 16 horas. Muitos já sabiam e reconheciam a superioridade do time alemão frente ao brasileiro, que não vinha fazendo uma boa Copa; a maioria esperava uma vitória heroica do time canarinho e alguns até já previam uma vitória magra da Alemanha. Mas o “7 a 1” foi uma bomba que surpreendeu a todos, mais ainda pela consciência de que 7 foi pouco.

Era de se esperar que essa bomba deixasse um cenário de terra arrasada, o que teria sido ótimo. Mas o que se vê trinta dias depois é o mesmo cenário sujo, desorganizado e decadente que tínhamos antes da Copa, talvez até pior. O trauma pode e deve ser usado como ponto de recomeço, mas não foi o que aconteceu no futebol do Brasil. Precisávamos de uma revolução e recebemos Gilmar Rinaldi e Dunga na Seleção, Del Nero e Marín ainda estão na CBF, Luxemburgo voltou para o Flamengo e o Felipão foi recebido com festa na Grêmio.

Nada contra os treinadores veteranos, mas eles representam o retrocesso, Dunga e Rinaldi representavam jogadores até ontem, e Marín e Del Nero representam a nata da máfia futebolística nacional. Não dá para entender a passividade de todos diante desta realidade lamentável do nosso esporte mais querido. O placar já passou e muito dos 7 que o telão do Mineirão apontava após a semifinal da Copa do Mundo.

Foto retirada de 


O calendário da temporada 2015, que foi divulgado pela CBF no dia 6 de agosto, mostra que pouca coisa vai mudar se continuarmos reféns desses poderosos chefões do futebol. O nosso calendário é um dos piores do mundo, não respeita as prioridades dos jogadores e nem dos clubes, que juntos são a base do espetáculo. Teremos Brasileirão durante a Copa América, pré-temporada aquém do ideal, estaduais ainda grandes e acúmulo de jogos no segundo semestre. O calendário é feito pela CBF e para as federações.

Até mesmo gestões nos clubes que pareciam inclinar para um novo pensamento no futebol do país, como a de Paulo Nobre no Palmeiras e Eduardo Bandeira de Mello no Flamengo, se mostram cada vez mais equivocadas na gerência do futebol, apesar das justificativas de estarem pagando pelo passado. O rubro-negro carioca recebe a maior cota de TV do Brasil e não consegue montar um time que fique pelo menos entre os 8 primeiros do campeonato nacional, que tem hoje um baixíssimo nível técnico.


O presidente da CBF é ligado a casos de tortura durante a ditadura militar, temos um agente de jogadores como Coordenador Geral de Seleções, nossos clubes estão afundados em dívidas, não existe democracia nas federações e na confederação e, apesar do potencial enorme, o jogo aqui é cada vez pior em comparação ao de outros países. Um mês após o “7 a 1”, olhamos para o nosso futebol e percebemos que perder um jogo em casa por esse placar é o menor dos males.


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