A Globo e o futuro do futebol brasileiro

Por Tarcísio Henrique Altomare


Hoje começam as reuniões entre o diretor de esportes da Globo, Marcelo Campos Pinto, e representantes dos vinte clubes que integram a primeira divisão do futebol brasileiro. Essas reuniões foram marcadas em uma inédita iniciativa da Globo para tentar melhorar o nível do futebol que se joga por aqui, no qual a empresa investe cerca de 1 bilhão de reais por ano e que vem perdendo audiência a cada temporada.

O interesse da emissora em melhorar o futebol brasileiro veio tarde, mas pode ser muito útil. Na temporada de 1987 a Rede Globo, o Clube dos 13 e vários patrocinadores, organizaram o campeonato daquele ano sem a CBF, que ficou conhecido como Copa União. Aquela edição foi a última a ultrapassar a casa dos 20 mil em média de público nos estádios e até hoje é elogiada pelo nível dos jogos.



No Brasil, os contratos televisivos são a maior fonte de receitas dos clubes e como a Globo é a dona dos direitos de transmissão, é a única que pode forçar uma mudança dentro do decadente e muito mal organizado futebol brasileiro. Na última semana circularam na imprensa esportiva vários rumores sobre essas reuniões, um deles dizia que a gigante das telecomunicações tentaria forçar a volta do Brasileirão para o sistema de mata-mata. Caso seja verdade, isso demonstrará que a Globo não pretende uma melhora real, mas apenas uma melhora na audiência, o que seria uma pena e um erro.

Já temos a Copa do Brasil como campeonato de confrontos eliminatórios, o Brasileirão precisa continuar nos pontos corridos, não faz sentido termos dois campeonatos nacionais no mesmo sistema de disputa. As mudanças que a Globo pode forçar e que precisam ser feitas não são no regulamento das competições nacionais, mas na estrutura do futebol. Fazer pressão para que os clubes apoiem a sugestão do Bom Senso FC para a mudança no texto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (veja aqui), já é um começo.

Mas o empurrão mais decisivo e importante que somente a Rede Globo poderia dar para uma revolução no futebol, seria incentivar os clubes a formarem uma liga independente da CBF. A ideia inicial do Clube dos 13, lá em 1987, era exatamente tirar o poder da CBF e das federações estaduais sobre os clubes, enxugando os campeonatos de cada estado e também os nacionais. Os contratos de patrocínio e de TV seriam negociados pela liga dos clubes e o calendário levaria em conta as prioridades deles e não da CBF e de suas federações filiadas.

Além disso, a Globo poderia implementar condições nos contratos de TV, para que parte do dinheiro fosse utilizado somente para fins específicos, como categorias de base, centros de treinamento e contratações de jogadores com visibilidade internacional. O produto é valiosíssimo e está nas mãos da Globo, ela pode escolher melhorá-lo e valorizá-lo, ou pode tentar maquiar seus defeitos para continuar com um lucro pequeno perto do potencial total.


De qualquer modo, o dia de hoje marca o início de uma esperança, que pode ou não se confirmar. Caso as escolhas certas e corajosas das quais precisamos sejam tomadas, podemos esperar por um futuro melhor para o nosso futebol. A Globo tem poder para isso, pois todo cartola brasileiro sabe que sem o dinheiro da emissora, não há clube que se sustente por aqui. Só nos resta esperar pelos próximos movimentos.



* Dados retirados de  blogs.lancenet.com.br/maurobeting e wikipedia.org

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