Por Bruno Marques Louzada
Uma das coisas que têm me
irritado no futebol brasileiro é o discurso dos treinadores após jogos em que
encontram adversários fechados. O caso mais recente é de Mano Menezes, comandante
corintiano, que disse que “fica difícil quando o time da casa se preocupa mais
em se defender que sair para o jogo”. Esse discurso é ridículo, e se repete
toda semana, por treinadores e jogadores que criticam o adversário por “só se
defender”.
Obviamente, um time não
entra em campo com o objetivo de tomar gols, o próprio Corinthians de Mano
Menezes costuma ser um time pragmático. O Coritiba, de Celso Roth, tem Germano
e Baraka como volantes, o que dificulta ainda mais o jogo ofensivo. Porém, se o
Coxa preferiu se defender, mesmo em casa, estava na dele. E se o Corinthians
queria a vitória, deveria criar os espaços, com movimentação de seus meias e
atacantes, passagens dos laterais etc. Ou o time vai esperar o outro abrir um
espaço para ter uma chance de gol?
O discurso dos treinadores
só quer desviar o foco do fato de que o time dele não conseguiu criar chances,
jogar bem, levar perigo ao adversário. Levando ao extremo, alguém já viu
Guardiola reclamar que o adversário veio muito fechado? Eu não.
Se defender também é uma
arte, também exige concentração e treino. Além disso, se o adversário se
contenta em “apenas marcar”, ou reconhece sua inferioridade e tenta travar o
jogo, não justifica que os outros façam o mesmo.
Uma situação (de jogo)
parecida ocorreu em Chapecó, no jogo entre o time da casa e o Flamengo. A
Chapecoense chegou ao gol numa bola parada e depois ficou na defesa até o fim
do jogo, quase não criou no segundo tempo. Não vi reclamações de Luxemburgo,
até porque não podia reclamar do adversário. A culpa de o Fla não ter feito gol
foi de quem? Isso mesmo, do próprio rubro-negro. O Flamengo não teve capacidade
de furar o bloqueio rival, não conseguiu fazer gol.
Nós, torcedores e
jornalistas, não devemos aceitar esse tipo de desculpa. Alguém acha que o Goiás
entrou para tomar gols no Maracanã? Não, mas o Flu, muito bem dirigido pelo
excelente Cristóvão Borges, foi capaz de vencer.
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