O crescimento do “Soccer” impressiona, mas ainda sofre resistência interna

Por Tarcísio Henrique Altomare



Durante a Copa do Mundo de 2014, a ligação do povo norte-americano com sua seleção foi notícia no mundo inteiro. No jogo contra a Bélgica, pelas oitavas de final da competição, as imagens de estádios de outras modalidades lotados de torcedores gritando e sofrendo pelo “U.S. Team” mostrou que muitos por lá estão se deixando levar pela paixão ao futebol.

Encerrado o fenômeno da Copa, começou-se a analisar mais profundamente o crescimento do nosso futebol nos Estados Unidos, a fim de se ter uma ideia mais próxima da realidade do panorama do esporte por lá, após a febre que o mundial da FIFA disseminou durante o último mês de junho.

O presidente da SportsCorp, Marc Ganis, que esteve envolvido em projetos de desenvolvimento de várias modalidades nos Estados Unidos, disse em entrevista ao New York Post que o cenário não é tão animador quanto pode parecer. Ganis defendeu que a Copa do Mundo dá uma impressão enganosa, pois quando se trata de ver um time nacional em ação, os americanos realmente se unem, apoiam e adoram. Já a Major League Soccer (MLS), a liga de futebol norte americana, não acompanha essa realidade, pois muitas pessoas não entendem aspectos do futebol que são muito diferentes dos quatro grandes esportes americanos (basquete, futebol americano, beisebol e hóquei no gelo). As maiores diferenças que distanciam o público norte-americano do futebol são a existência de um único intervalo comercial durante as partidas e a grande probabilidade de empates e resultados sem gols, segundo ele.

A audiência do “soccer” na TV americana ainda é muito baixa em comparação ao Big Four (quatro grandes esportes), e esse talvez seja o maior obstáculo para o desenvolvimento da liga local. A média de público nos estádios da MLS na última temporada foi maior do que a do Brasileirão e também bateu a NHL e a NBA, mas não são muitos que acompanham o campeonato pela televisão. Consequentemente, o dinheiro dos direitos de transmissão recebido pelos clubes da MLS é muito pouco, limitando o orçamento e impedindo uma maior capacidade de investimento em estrelas internacionais que seriam o grande caminho para tornar a liga um sucesso de audiência.





Um bom exemplo da falta que um maior número de estrelas dos gramados fazem em solo americano são os torneios de pré-temporada, que levam os grandes times da Europa para jogar em terras ianques. O amistoso entre Tottenham e Chicago Fire no dia 26 de julho, marcou 284 mil espectadores na ESPN 2 americana, enquanto dois jogos da MLB (Liga nacional de beisebol) que eram transmitidos no mesmo horário somaram 110 mil espectadores no Fox Sports 1 de lá. A grande diferença pode ser justificada pelo baixo apelo dos times de beisebol envolvidos nessas partidas e pela maior tradição da ESPN frente ao Fox Sports, mas ainda sim mostram que astros como os do futebol inglês conseguem prender a atenção do telespectador estadunidense. O maior público da história do futebol nos Estados Unidos foi também em um torneio de pré-temporada dos europeus, no jogo do dia 2 de agosto (domingo), entre Manchester United e Real Madrid, que reuniu 109 mil pessoas no Michigan Stadium.

Thierry Henry e David Beckham foram os arautos desse movimento de popularização da MLS através da aquisição de grandes nomes, mas chegaram já em fim de carreira e ainda estão muito sozinhos para causar um impacto significativo. Steve Rosner, sócio da 16W Marketing (empresa especializada em marketing esportivo), também em entrevista ao NY Post, disse que acredita no desenvolvimento do futebol nos Estados Unidos, mas que é preciso trazer a Copa do Mundo para o dia-dia do público, com os clubes contratando os nomes que se tornam conhecidos durante o torneio da FIFA.

Talvez um olhar para o mercado sul-americano, que teve seleções com bom aproveitamento na Copa, como Colômbia e Chile, seja uma das saídas mais baratas e interessantes para a turma da MLS. Por enquanto a esperança continua residindo nos medalhões, e o próximo destes a pintar por lá é Kaká, que ao menos tem cara de menino. Talvez o antigo camisa 10 da Seleção Brasileira faça sucesso na parte de cima das américas, mas o “soccer” precisa mais de um Balotelli ou Suárez, do que de um “bom moço” como o brasileiro.



* Informações retiradas do The New York Post, do USA Today e do site Trivela



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